por André Rafaini Lopes
DEBATES
No FIQ, assisti à mesa de debates sobre Quadrinhos e Internet com Samuel Casal (Florianópolis), Amauri de Paula (Belo Horizonte, do site http://www.quadrinho.com) Fábio Moon (São Paulo) e Gabriel Bá (São Paulo). O assunto me interessava particularmente. Pesquiso a linguagem da nona arte em ambiente digital desde 2000/2001. Com leve tristeza percebi que a Internet, aos autores, vale mais pelo potencial de disseminação de informações do que necessariamente pelas ferramentas capazes de revolucionar / evoluir as HQs. A justificativa se repete: “com som e imagem já não são mais quadrinhos, é animação”. O que falta, acredito, é tempo, dinheiro e conhecimentos técnicos aos desenhistas de forma geral. O debate, que não tardou em descambar para discussões sobre a forma de trabalho dos artistas, revelou um pouco da realidade dos quadrinhistas brasileiros.
O jornal O Estado de S. Paulo veiculou no seu suplemento de atrações do fim de semana de 05/09 uma bela história em quadrinhos (algo em torno de 6 páginas) de Moon e Bá, sobre a II Feira do Livro Infantil, Juvenil & Quadrinhos que aconteceu nos dias 06/09 a 14/09. Tempo de produção: dois dias. “Se não fizéssemos, outro faria”.
Sobre a pirataria digital. Dos gêmeos: “se você está sendo pirateado é por que vende pra caralho. […] Não ganhamos dinheiro com a venda livros, pelo menos estamos sendo divulgados”.
Para não cometer injustiça. Moon e Ba desenvolvem, sim, um belo trabalho em ensaios sobre “a arte de contar histórias” em seu blog http://www.10paezinhos.com.br.
Casal deixou a dica aos artistas estreantes. Crie um site funcional, pegue o endereço de e-mail de diretores de arte e mande seu link para apreciação. A perfeição só vem através da crítica. Um trabalho bem desenvolvido chama a atenção mesmo estando na Internet. Foi assim que Casal começou sua carreira.
Fica, portanto, a crítica à organização do FIQ: sem desmerecer os artistas, os debatedores podiam ser outros que aprofundassem a discussão sobre o tema proposto. Edgar Franco, é mestre em Multimeios pela Unicamp, e tem toda uma tese desenvolvida sobre quadrinhos e Internet, leciona em BH e poderia ter sido chamado. Flávio Calazans, doutor em Ciências da Comunicação pela USP, também poderia render ótimas discussões. Por mais graduações que esses dois tenham, são muito acessíveis. Eles poderiam muito bem entreter a platéia pós-adolescente do FIQ e despertar o interesse para os rumos das HQtrônicas.
Ou então, chama eu!
UAAARRGH!