por André Rafaini Lopes
BOILET MANGAKA
No sábado, 08/10, participei de uma entrevista de Rogério Campos (da Editora Via Lettera) com Frédéric Boilet. Não sei se pelo cansaço da viagem da noite anterior (8 horas de Cometão São Paulo-BH) ou pela tradução simultânea, não me envolvi tanto com a conversa. Valeu por oferecer a oportunidade quase única de ver um artista internacional de perto e por me dar a desculpa exata para falar sobre o livro de Boilet lançado agora no Brasil. O espinafre de Yukiko foi publicado originalmente no Japão, portanto mangá, por um desenhista francês, portanto BD. Dessa mistura de linguagens surgiu a nouvelle manga.
O enredo é um tanto simples e mostra a relação do artista com sua musa. No entanto, o desenho e as brincadeiras metalingüísticas fazem dessa obra uma das graphic novels mais sensíveis sobre relacionamentos.
Aparentemente, Boilet trabalha com grafite sobre fotos, o que confere um tom bem realista às expressões corporais e, sobretudo, às faciais. Boilet é o desenhista apaixonado – é seu rosto nos quadrinhos. Foi uma surpresa agradabilíssima descobrir isso, vendo-o ao vivo. Mesmo para quem não teve essa experiência, fica muito forte essa sensação de que o enamorado deve ser o autor.
A HQ é quase toda em primeira pessoa e a arte passeia entre os esboços da agenda – tal e qual os desenhistas descritos na primeira parte de Facada na FIQ – e a “realidade”. O tempo também dá saltos um tanto subjetivos.
Vendida como um simples mangá erótico pelas cenas um pouco mais íntimas do casal (nada explícitas ou gratuitas), temo que o livro possa passar sem ser notado pelo leitor médio de quadrinhos.
Em tempo: ao que fui informado, O espinafre… foi muito bem vendido no estande da Livraria Leitura – a grande revendedora de quadrinhos de BH – durante toda a FIQ.
A propósito, engordei a renda da Leitura. Tive que comprar lá um segundo exemplar, pois deixara o meu em São Paulo. Fiz questão de ter um livro autografado por Frédéric Boiilet. O que me leva à quarta parte de Facada na FIQ!
UAAARRGH!