Por Evandro Vieira*
Nada como passar uns dias em São Paulo me entupindo de HQs nacionais. Na tarde do dia 23 de Julho eu e minha namorada Karla fomos pro SESC Pompéia, local da entrega do 20° edição do Troféu HQMIX de 2008. Chegamos com uma hora de antecedência para retiramos os convites. Aproveitamos para visitar a exposição HQ Férias, onde 20 painéis ilustrados contavam, de forma resumida, mas bastante didática, a trajetória das histórias em quadrinhos no Brasil.
Entramos no teatro às 19 horas e num telão instalado em cima do palco, vimos alguns curtas-metragens e o trailer da animação do “Los 3 Amigos”, baseado na HQ homônima criada por Angeli, Laerte e Glauco. Na seqüência entra Serginho Groismann, o apresentador da entrega do Troféu desde a sua primeira edição, em 1988. Numa mesa no canto do palco estavam os troféus dourados do Samurai, inspirados no personagem do veterano quadrinista Cláudio Seto. Aliás, o evento pegou carona no centenário de imigração japonesa e homenageou mestres de origem nipônica que foram os pioneiros do mangá no Brasil. Teve também a cerimônia da quebra do barril de saquê e show com tambores japoneses.
Depois de discursos emocionados da dupla Jal e Gualberto Costa, os criadores do HQMIX, começaram a entrega dos prêmios aos vencedores. Uns faziam discursos rápidos, outros longos. Lamentei que a revista Bongolê-Bongorô #2 não tenha levado o prêmio este ano, assim teríamos uns doidos de Brasília pra perturbar o evento. Vi de longe, mas vi o lendário Maurício de Souza. Um dos homenageados foi o desenhista Ivan Reis, ele foi meu professor dias antes no curso de férias da Academia Quanta de Artes. O cara é fera, atualmente desenha o Lanterna Verde pra DC Comics.
Ainda foi exibido no telão, o premiado curta metragem em stop motion “Dossiê Rê Bordosa”. O filme é todo animado com bonecos dos personagens criados pelo cartunista Angeli. Ele próprio participa do filme dando depoimentos hilários que tentam desvendar os motivos pelos quais ele teria assassinado a cachaceira Rê Bordosa.
Perto de onde eu estava sentado, localizei os desenhistas Spacca e Fernando Gonsales, ambos premiados na noite. Na cara de pau, fui lá, pedi e ganhei autógrafos. Nos intervalos, rolaram esquetes do grupo teatral Parlapatões e a apresentação da banda Jumbo Elektro.
Duas horas depois, eu e a Karla fomos dar uma volta e descobrimos o fumódromo onde grandes estrelas dos quadrinhos nacionais estavam bronzeando seus pulmões com nicotina. Como eu sabia que iria encontrar com meus ídolos Angeli e Laerte, trouxe de Brasília 4 pocket books (2 pra mim, 2 pra Karla) para eles autografarem. Na primeira oportunidade, abordei o Angeli, me apresentei, pedi que autografassem os 2 livros de bolso da Rê Bordosa, dei meu livro Grosseria Refinada pra ele e ainda tiramos fotos. Ele foi muito simpático e atencioso. Quando fui procurar o Laerte, ele havia sumido.
Já era quase meia-noite e pra não perdermos o metrô, fomos embora com o pessoal amigo da revista coletiva Subversos. Dentro do SESC Pompéia, os últimos Samurais eram entregues e com certeza ia rolar um rega-bofe pras estrelas da noite.
No dia seguinte, eu e Karla fomos pra livraria HQMIX, onde Allan Sieber, André Dahmer e Joss estavam fazendo uma noite de autógrafos. Os três foram premiados na noite anterior. Antes passamos num teatro que fica ao lado da loja. Lá estava sendo encenada a peça “A Noite dos Palhaços Mudos”, baseada na HQ do Laerte. A sessão normal estava esgotada e a sessão extra também. Pegamos senhas e torcemos para assistir a peça nem que fosse de pé.
Voltamos pra livraria HQMIX, na vitrine da loja estavam expostos os troféus das edições anteriores. No meio de um monte gente, encontrei o Laerte de bobeira. Peguei os pockets books que eu havia levado já prevendo esse encontro e pedi que ele autografasse. Ele não fez uma cara muito boa como eu esperava, mas mesmo assim, ele assinou.
Eu e Karla esperamos o fim da primeira sessão do teatro e conseguimos ingressos para a segunda sessão. Pra completar nossa sorte, sentamos juntos nas duas últimas cadeiras disponíveis da platéia. Umas quinze pessoas se contentaram em sentar na dura e suja escada. Os atores da Cia. La Mínima são excelentes e peça foi ótima, com destaque para a luz e música que deram todo o clima pro espetáculo.
Na sexta-feira, voltamos pra Brasília, empanturrados de tantas histórias em quadrinhos.
Evandro e Angeli no 20º HQMIX
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* Evandro Vieira é escritor e músico, autor de Esfolando os Ouvidos (sobre o rock em Brasília) e de Grosseria Refinada (contos) e vocalista da banda Quebraqueixo.
podia ter levado umas bongos pros carastb! hehe
abç
Mais uma historinha bacana vc fez parte.
O negocio é esse, correr atraz do que se gosta, se não rola essas paradas a viva perde a graça.