Bacante

por Yde* 

Ergue nas mãos a taça transbordante
do vinho capitoso; em desalinho,
desata a cabeleira luxuriante
sobre o seu corpo nu, de rosa e arminho.

Um perfume oriental, sensualizam-te,
vai-se impregnando no ar, devagarinho . . .
E, lasciva e pagã, dança a bacante
embriagada de música e de vinho!

Torcendo os rins em lânguidos meneios
derrama sobre os pequeninos seios
a sua taça de cristal boêmia.

E há na volúpia estranha dos seus passos
e nas serpentes brancas dos seus braços
a eterna sedução da eterna fêmea!

*Adelaide Schloenbach Blumenschein (Yde)(1882 – 1963), conhecida como Colombina, foi uma poeta parnasiana brasileira. Estudou na Alemanha durante a infância. Aprendeu piano e canto. Começou a escrever aos 13 anos. Seus primeiros poemas foram publicados no jornal santista A Tribuna, além de revistas como O Malho, Fon-Fon e Careta. Assinava com os pseudônimos de Colombina e Paula Brasil. Fundou em 1932 a Casa do Poeta Lampião de Gás, ponto de encontro de escritores e literatos, que inicialmente funcionava na sua própria casa. Editou o jornal mensal O Fanal, publicação da Casa do Poeta Lampião de Gás. Era chamada de Cigarra do Planalto e Poetisa do Amor. Em sua homenagem, uma rua no bairro do Butantã, em São Paulo, recebeu o nome de Rua Poetisa Colombina. É a patrona da cadeira número 37 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul.