Vinte Anos

logo comemorativa por Antonio Alves Chades e Roberta AR sobre arte original da Casa Locomotiva

O Facada X faz 20 anos. VINTE ANOS!

E eu fico aqui pensando em por quê manter um blog por tanto tempo…

Quando eu e o André começamos essa empreitada, lembramos de um exercício de livre publicação que foi o Eu Teria Vergonha, um sitezinho amador que fizemos na Cásper (Líbero, fizemos jornalismo juntos), no final dos anos noventa do século passado. Na época, nem existia ainda esse formato blog, internet ainda 1.0, pouco interativa, mas a gente já tentava hackear o sistema. Não foi pra frente. Eu não tinha computador e não conseguia fazer as atualizações e, no fim, o projeto morreu. Mas uma semente permaneceu em mim.

Começamos um blogger, a primeira plataforma mais acessível, que tinha um nome horrível, Cinefagia (acho que era esse). Queríamos falar de cinema. Eu achava que ia acabar me profissionalizando na área, o que nunca aconteceu. 

Um belo dia, estava em casa com um ex-companheiro, que também atuou por aqui, e mais um amigo ouvindo Fausto Fawcett e, enquanto tocava Facada Leite-Moça, eu disse que esse seria o novo nome do blog. Migramos para o wordpress, plataforma que faz mais sentido para o nosso projeto, que, a partir daquele momento, virou um espaço de publicação experimental livre e compartilhada. Amigos, conhecidos, até desconhecidos, começaram a tornar o Facada (agora Facada X) o espaço diverso, de qualidade às vezes duvidosa, mas comprometida com um fazer autêntico e coletivo. 

Quando fizemos a retrospectiva de quinze anos, listamos todos os que participaram do espaço até então. Depois disso, teve pandemia, o André se tornou pai, eu me separei, de novo, e mais um tanto de coisa aconteceu nas nossas vidas e o blog entrou em pausas involuntárias, mas nunca foi abandonado. Como é possível desistir do lugar que foi construído com, e por muitas vezes construindo também, nossas maneiras de nos expressar profissionalmente, artisticamente, politicamente.

Chamamos de zine eletrônico, porque nunca foi exatamente um site, ou mesmo um blog, porque é recheado de experimentos soltos, que se unem por uma necessidade de jogar algo no mundo. É preciso uma certa coragem para isso, que pode vir do baixo engajamento diário de nossas páginas, uma coisa pública nem tão pública assim. Me conecta com meu jeito tosco, punk, de querer dizer as coisas sem polir demais, esse jeitinho que me afasta de quem é popular, bem acabado e vazio. Volto aqui sempre com a sensação de que estou começando de novo, o que pode ser cansativo, desmotivador, mas tem seu cheirinho de liberdade almejada (talvez um tanto conquistada) no seu fundo.

Corta para 2025, num momento em que as redes sociais começam a mostrar suas garras perversas de controle de conteúdo, manipulação, uso indevido de imagens de crianças, e percebemos que é preciso, sim, ter um espaço outro para compartilhar coisas. De registro! Alguma segurança histórica é importante. 

O que fazemos aqui pode não ser grandioso, de grande alcance, mas é um registro precioso para cada um que por aqui passou e é isso o que nos motiva a permanecer. Por mais vinte anos?

Roberta AR

logo comemorativa por Antonio Alves Chades sobre arte original da Casa Locomotiva

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Quando completamos quinze anos, fizemos um grande apanhado das publicações presentes neste blog. Fizemos uma lista de todos os colaboradores , das publicações de domínio público, das coisas analógicas que fizemos (eventos, zines, etc), até do podcast e videocast rolou.