Tudo quanto penso

por Fernando Pessoa* Tudo quanto penso, Tudo quanto sou É um deserto imenso Onde nem eu estou. Extensão parada Sem nada a estar ali, Areia peneirada Vou dar-lhe a ferroada Da vida que vivi. . *Fernando António Nogueira Pessoa (1888 –  1935) foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português.

Pinturas de Agnes Weinrich

por Agnes Weinrich* post com Female Artists in History Red Begonias, s.d. Still Life, 1920 Abstraction, about 1930 Plants and Fruit, 1929 The Blue Pitcher, between 1921 and 1926 Woman with Flowers, 1920 Untitled (Collage), about 1923 . *Agnes Weinrich ( 1873 - 1946) foi uma artista visual americana. No início do século XX, ela … Continue lendo Pinturas de Agnes Weinrich

Cantai

por Auta de Souza* A Edwiges de Sá Pereira Ó vós, que guardais no seioCom tanto amor e carinho, Com o mesmo doce receioDe um’ave que guarda o ninho:As ilusões mais douradasQue um’alma de moça encerra: -Cantai as crenças nevadasQue divinizam a terra;Cantai a meiga harmoniaDas esperanças em flor,Cantai a vida, a alegria,Na lira santa … Continue lendo Cantai

Carta aos editores do New York Times (sobre o Estado de Israel)

por Albert Einstein, Hannah Arendt, Isidore Abramowitz, Fritz Rohrlich e outros Nova Iorque,2 de dezembro de 1948 Entre os mais perturbadores fenômenos políticos de nossos tempos está a emergência do “Partido da Liberdade” (Tnuat Haherut) no recentemente criado Estado de Israel. Um partido político muito próximo em organização, métodos, filosofia política e apelo social aos … Continue lendo Carta aos editores do New York Times (sobre o Estado de Israel)

Deve-se ensinar ‘Coisas de Mulher’ aos Meninos?

por Nadiéjda Krúpskaia* No relatório da Comissão para a Educação Popular de São Petersburgo no ano de 1908, um dos especialistas, ao emitir um parecer sobre o ensino de bordado, diz: Acerca dos bordados, devo atestar com a mais profunda alegria que em quase todas as escolas mistas eles eram apreciados não apenas por meninas, … Continue lendo Deve-se ensinar ‘Coisas de Mulher’ aos Meninos?

Sobre corpos que reproduzem

por Roberta AR “Não será a família do passado, mesquinha e estreita, com brigas entre os pais, com seus interesses exclusivistas para os filhos que moldará o homem da sociedade de amanhã”. Alexandra Kollontai, O Comunismo e a Família A gravidez, no Brasil, é um imperativo para a maioria das mulheres, pois temos aborto legalizado … Continue lendo Sobre corpos que reproduzem

Ode à Revolução

por Vladimir Maiakóvski* A ti,a quem silvaramzombeteiras baterias;a ti,lacerada por ferro maldizente,dedico entusiasmado,entre saraivadas de impropérios,odes solenes."Oh!"Oh, feroz!Oh, infantil!Oh, avara!Oh, colossal!Que outros nomes te deram?Que rosto mostrarás?Serás esbelta obraou escombros frios e mortos?Ao maquinistacoberto pelo pó do carvãoe ao mineiro que morde os veiostributas o incensocom unção,louvando o trabalho dos homens.E amanhã,em vão São Basílio … Continue lendo Ode à Revolução

Os argonautas

por Francisca Júlia da Silva* Mar fora, ei-los que vão, cheios de ardor insano;Os astros e o luar — amigas sentinelas —Lançam bênçãos de cima às largas caravelasQue rasgam fortemente a vastidão do oceano. Ei-los que vão buscar noutras paragens belasInfindos cabedais de algum tesouro arcano…E o vento austral que passa, em cóleras, ufano,Faz palpitar … Continue lendo Os argonautas

Me sentir sobrevivente

por Roberta AR Hoje, eu peguei todas as máscaras pff que eu deixei arejando para reusar e joguei no lixo. Já fazia alguns meses que elas não saíam de casa, trocadas pelas descartáveis, mais leves, mais práticas. Mas ficavam guardadas para caso… Demorou uma semana, quase, para cair a ficha de que a pandemia oficialmente … Continue lendo Me sentir sobrevivente

A viúva Simões

por Júlia Lopes de Almeida* I Apesar de moça e de rica, a viúva Simões raras vezes saía; dedicava-se absolutamente à sua casa, um bonito chalet em Santa Tereza. Vivia sempre ali; inquirindo, analisando tudo num exame fixo, demorado, paciente, que exasperava os seus cinco criados: a Benedita, cozinheira preta, ex-escrava da família; o Augusto, … Continue lendo A viúva Simões

Dize-me, amor, como te sou querida

por Florbela Espanca* Dize-me, amor, como te sou querida,Conta-me a glória do teu sonho eleito,Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,Arranca-me dos pântanos da vida.Embriagada numa estranha lida,Trago nas mãos o coração desfeito,Mostra-me a luz, ensina-me o preceitoQue me salve e levante redimida!Nesta negra cisterna em que me afundo,Sem quimeras, sem crenças, sem ternura,Agonia sem … Continue lendo Dize-me, amor, como te sou querida