por Biu*
Rufem os tambores!
Quando os cavalos batedores invadiram a cidade em fortíssimos hexacordes atonais, o dia estava cheio de luz dissonante. Trítonos ululavam nos becos amorfos e ostinatos de efeito moral saltaram da escala cromática onde coalhavam e subiram pelas anáguas das senhoritas arrancando-lhes risinhos histéricos em dó maior.
Os cavalos batedores relincham, grunhem, uivam, rangem, grasnam, roncam, sibilam e mordem. Não demonstre medo diante deles.
Doze cavalos batedores, notas sem repetição, mísseis harmónicos desgarrados como raios no céu. Acordes desembalados rumo a um estratosférico sol.
Aí, nessa altura, perdem o compasso, suas asas derretem, e eles caem aos cacos em marcha lenta, bagatelas em pianíssimo, e então mais nada, silêncio – A expectativa de um novo movimento.
Rufem os tambores.
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*Biu é paraibano, farmacêutico e faz quadrinhos.
Eu me senti num quadro do Salvador Dali, perambulando por toda essa loucura de sonhos que querem se concretizar…
Sonhos flamejantes e impactantes para despertar a alma poética…
massa.
ê.
“A expectativa de um novo movimento.” Uma “Fuga” descritiva onde o olhar do observador se perde entre registrar e fugir! Uma criança cheia de imaginação que ouve Wagner e ver o que ouve… ^^
A propósito, ficou muito bom o texto!! uhauhsuahs. ^^