Ao som das cigarras

por Roberta AR

Faz pouco mais de uma semana que a trilha sonora da vida aqui no cerrado tem sido as cigarras. Pelo menos da minha vida.

No caminho de casa pro trabalho, que faço a pé, elas estão por toda a parte. Parece uma rave, com uma batida eletrônica constante de fundo. Dia e noite. Às vezes elas me acordam às quatro da manhã, como se quisessem dizer algo.

Não é a primeira vez que tenho essa impressão, de que há uma mensagem oculta no cri-cri que elas fazem em vários tons. É como num filme de suspense em que algo de muito sério está para acontecer e a música vai se tornando cada vez mais tensa.

Para elas, é só o momento de acasalarem, pouco antes da chuva começar definitivamente por aqui. Para mim, ainda não sei, mas estou com a sensação de algo está prestes a acontecer . E acho que vai ser como num filme: a música fica mais tensa; o monstro aparece e bu; fade out; tela preta; fade in; dia, um quintal, crianças brincando.

O ciclo de vida da cigarra
(fonte: Wikipedia)

* Fêmeas põem seus ovos e morrem logo depois. Os ovos eclodem.
* Os insetos jovens (ou “ninfas”) caem no chão e entram na terra.
* As ninfas vivem na terra por 4 a 17 anos (depende da espécie) se alimentando da seiva de raízes.
* Depois desse período, elas cavam túneis, sobem nas árvores e sofrem uma metamorfose, a ecdise, se tornando adultas e prontas para o acasalamento.
* O acasalamento ocorre geralmente durante os meses quentes do ano, o que varia de acordo com a região geográfica. Neste período, que dura cerca de um mês, elas gritam.