Sala escura, mais ou menos uma hora e meia de espetáculo. Não tão bom quanto ela esperava, mas naquele exato instante algo ficou diferente. Estranheza no momento em que saiu na claridade do saguão. A sensação de que o veria novamente, daí a poucas horas.
Saiu, bebeu, esqueceu tudo. Chegou na festa e em poucos minutos o encontrou. No bar.
Começou a beber desesperadamente para aquela sensação sair de corpo. “Já não tenho mais quinze anos para sentir dessas coisas”. Se virou e o olhando para ela. “Loucura, alucinação, isso é só minha imaginação”. Tenta se convencer de que não é verdade. Mas ele insiste, ela vê isso. “Não importa onde esteja, seus olhos estão sempre em mim. O que é isso?”.
Bebe. Bebe para não prestar atenção, mas o álcool a abre para o seu olhar. Precisa desesperadamente dele para viver. E ele está sempre lá. Um calor desesperado a invade, ela está transpirando. Corre até o banheiro e se masturba, pensando no seu corpo branco nu. No gosto da sua… Goza para esquecer, mas não esquece.
Sai para o salão. Cruza novamente com seus olhos. Finge que não vê. Uma outra se aproxima, fala algumas palavras com ele. Ela vira o rosto, volta para procurá-lo e ele não está mais lá.
Ela, completamente bêbada, sente doloridamente sua falta. “Seus olhos se voltaram realmente para mim?” Sente a paixão por alguém que eu mal conhece.
Volta para casa, procura por ele na internet. “1800 amigos. O que que eu estou fazendo?”
Liga a TV, programa meia hora, o suficiente para dormir e o aparelho não ficar muito tempo ligado. Pega no sono e alguns minutos depois acorda sobressaltada. “É a voz dele. Seu rosto tão lindo. Sua boca úmida”. Ele encerra o programa com uma música que ela adora.
Ela dorme, desta vez com a certeza de que é ela quem ele deseja.
Roberta, pelo que vejo, continuas com a pena afiada.
Há braços!!