por Antonio Souza*
Xícara
algo absurdo sem explicação
de uma realidade concretíssima.
uma xícara vazia em uma mesa
solitária e abandonada por especulações metafísicas .
Branca
objeto sem uso, contendo imponderâncias
sem perguntas. Exercendo a presença
diante de niguém.
Branca, vazia e xicara
comunicando disfunções.
Aberta
esquecida em uma mesa,
uma xícara em desuso,
sem deuses para
tomar dela o conteúdo
Flor
Vasto o botão guarda a
flor guarda o tempo guarda a
vida guarda
guarda a flor guarda o
tempo guarda a
espera guarda o mistério não
guarda flor exposta em
gozo o tempo presentificado
tudo amostra em
superfície a mação o corpo
a semente o sêmen
Adão guarda no
passado as horas
não esperam
a vida semer em tudo o
ovo espera os
olhos esperam
tudo espera o
término da tempestade na
luz da tempestade
a satisfação e a glória
de sobreviver
.
*Antonio Souza é poeta e, sobre si, diz: “nasci em Pernambuco, há algum tempo, a não alguns poemas que tenho a pachorra de fazer sou a pessoa mais sem graça do mundo e não gosto de falar disso”.