por Roberta AR
A colônia se estabeleceu naquela região. O ambiente era propício. Relevo e clima, adequados. Eram os 16 anos de Roberta, na segunda fase de sua Era Fisiológica.
No início eram poucos, que, rapidamente, se tornaram milhões, nas sucessivas gerações que habitavam a fronte. “A civilização!”, os expansionistas exultavam em seus discursos inflamados, que empolgavam a população, em especial a que vivia nos seios da face.
– Temos que chegar ao topo do osso nasal! Esse será o nosso legado às futuras gerações!
Porém este não era um discurso que convencia a todos. Roberta não era mais um ambiente tão abundante em recursos quanto no início da colonização. Os ambientalistas previam um colapso iminente no corpo, que já estava no fim da sua terceira fase fisiológica.
– Não podemos esgotar todos os recursos. Corremos o risco de provocar um aquecimento global e tornar toda a Roberta inabitável.
Marchas “Salvem a Roberta” foram realizadas nos seios da face e no osso frontal. Em represália, atos de violência foram comandados pelos expansionistas, que controlavam as forças armadas.
Exatamente neste período, a umidade aumentou consideralvemente, e os ambientalistas afirmavam que já eram os efeitos do aquecimento global. Glóbulos brancos passaram a ser mais freqüentes e dizimavam grande parte dos germes, para a ira dos expansionistas, que decidiram pelo controle total do corpo.
– Salvem a Roberta! Salvem a Roberta! – gritavam os que queriam preservar aquele ecossistema.
Mas os germes passaram a habitar em toda a parte, exaurindo os recursos rapidamente. Roberta começou a aquecer de maneira drástica, pegando toda a população de surpresa. Chegou aos 42 graus centígrados, o que gerou um tsunami fleumático, que eliminou praticamente toda a colônia.
O resultado final: o ocaso. Era o fim de Roberta, como nas previsões mais pessimistas.