por Emma Goldman* Se eu fosse resumir a tendência de nossos tempo seu diria: quantidade. A multidão, o espírito de massa,domina tudo, destruindo a qualidade. Nossa vida toda —produção, políticas e educação —, baseia-se em quantidade, em números. O trabalhador, que antes se orgulhava da qualidade e da minúcia de seu trabalho, é substituído por … Continue lendo Minorias versus maiorias
Categoria: TEXTO
À alma de minha mãe
por Auta de Souza* Partiu-se o fio branco e delicado Dos sonhos de minh’alma desditosa... E as contas do rosário assim quebrado Caíram como folhas de uma rosa. Debalde eu as procuro lacrimosa, Estas doces relíquias do Passado, Para guardá-las na urna perfumosa, Do meu seio no cofre imaculado. Ai! se eu ao menos uma … Continue lendo À alma de minha mãe
Meiguice
por Adelina Lopes Vieira* Deram à linda Clarisse uma gatinha mimosa, tão branca, tão carinhosa, tão engraçada, tão mansa que a encantadora criança por nome lhe pôs — Meiguice. Tinha bom leite ao almoço e biscoitos e bolinhos; dormia em sedas e armarinhos, e ronronava fagueira quando sentia a coleira de fita azul, no pescoço. … Continue lendo Meiguice
Úrsula
por Maria Firmina dos Reis* I Duas almas generosas São vastos e belos os nossos campos; porque inundados pelas torrentes do inverno semelham o oceano em bonançosa calma – branco lençol de espuma, que não ergue marulhadas ondas, nem brame irado, ameaçando insano quebrar os limites que lhe marcou a onipotente mão do rei da … Continue lendo Úrsula
Milagre do Natal
por Lima Barreto* O bairro do Andaraí é muito triste e muito úmido. As montanhas que enfeitam a nossa cidade, aí tomam maior altura e ainda conservam a densa vegetação que as devia adornar com mais força em tempos idos. O tom plúmbeo das árvores como que enegrece o horizonte e torna triste o arrabalde. … Continue lendo Milagre do Natal
Saudade
por Gabriela Frederica de Andrada Dias Mesquita* Da vida na manhã tudo é bonança, Tudo é luz, tudo flor, tudo harmonia: São cantos de suavíssima poesia, Que nos embala em sonhos de esperança. Ri a ventura ao lábio da criança; Da mocidade a alegre fantasia, Escrava da ilusão que a inebria, Em vão busca o … Continue lendo Saudade
Adiamento
por Álvaro de Campos* Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã... Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã, E assim será possível; mas hoje não... Não, hoje nada; hoje não posso. A persistência confusa da minha subjetividade objetiva, O sono da minha vida real, intercalado, O cansaço antecipado e infinito, Um cansaço de … Continue lendo Adiamento
Tenho esperança que…
por Lima Barreto* Certas manhãs quando desço de bonde para o centro da cidade, naquelas manhãs em que, no dizer do poeta, um arcanjo se levanta de dentro de nós; quando desço do subúrbio em que resido há quinze anos, vou vendo pelo longo caminho de mais de dez quilômetros, as escolas públicas povoadas. Em … Continue lendo Tenho esperança que…
Meu não é a muitos eles
por Roberta AR Eu sinto um medo constante desde que me entendo por gente. Medo de ser agredida quando eu menos espero, verbalmente ou fisicamente. Não tem um momento de alegria pura que não seja tomado por esse sentimento, de que algo muito ruim vai acabar acontecendo. Toda a minha infância foi vivida na ditadura … Continue lendo Meu não é a muitos eles
Canções de Chiquinha Gonzaga
por Chiquinha Gonzaga* Ó Abre Alas Ó abre alas Que eu quero passar Ó abre alas Que eu quero passar Eu sou da Lira Não posso negar Eu sou da Lira Não posso negar Ó abre alas Que eu quero passar Ó abre alas Que eu quero passar Rosa de Ouro É que vai ganhar … Continue lendo Canções de Chiquinha Gonzaga
Decapitada!
por Delminda Silveira* — Era linda aquela borboleta azul com suas grandes asas cetinosas, iriadas como conchas de madrepérola! A trombazinha graciosamente enroscada como um estame de flor, os olhos salientes, amarelos, diáfanos como contas de cristal raiado de ouro. Pousada sobre o verde, levemente agitando as asas brilhantes, semelhava uma rara flor azul a … Continue lendo Decapitada!
Maio
por Lima Barreto* Estamos em maio, o mês das flores, o mês sagrado pela poesia. Não é sem emoção que o vejo entrar. Há em minha alma um renovamento; as ambições desabrocham de novo e, de novo, me chegam revoadas de sonhos. Nasci sob o seu signo, a treze, e creio que em sexta-feira; e, … Continue lendo Maio
Por que sou forte
por Narcisa Amália* a Ezequiel Freire Dirás que é falso. Não. É certo. Desço Ao fundo d’alma toda vez que hesito... Cada vez que uma lágrima ou que um grito Trai-me a angústia - ao sentir que desfaleço... E toda assombro, toda amor, confesso, O limiar desse país bendito Cruzo: - aguardam-me as festas do … Continue lendo Por que sou forte