por Roberta AR
Este e-zine é UMA OBRA DE FICÇÃO. Foi impresso pela Pingado-Prés, numa tiragem de 40 exemplares.
por Roberta AR
Este e-zine é UMA OBRA DE FICÇÃO. Foi impresso pela Pingado-Prés, numa tiragem de 40 exemplares.
por Roberta AR e Biu*
Adoro quando bandas queridas decidem lançar suas gravações em vinil, um formato que me obriga a sentar e dispor de um tempo para ouvir, além de ter seu lugar privilegiado na estante de casa. A notícia desse lançamento não podia ser melhor: Zefirina Bomba lança seu primeiro 7 polegadas em vinil. São oito músicas gravadas em 2003, entre elas a clássica Sobre a Cabeça, que servem como um ótimo registro do histórico da banda.
O vinil é um lançamento Sub Folk, selo encabeçado por Ilsom Barros e Thelma Ramalho, e tem nossa chancela também, das Edições Facada (agora também no mundo da música), além da Tamborete Records e Clube do Vinil SP. A capa é de Stêvz, o que traz um charme a mais ao conjunto. (R)
E enquanto os porões viram salas de estar, o rock vira capital e as abrafins justificam os meios entrando nos eixos, as pedras não rolam e o limo toma conta do rock. Foda-se.
Algumas imagens, para saberem do que se trata.
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*Biu é paraibano, farmacêutico e faz quadrinhos.
mais um teaser por Stêvz
Dia 30 de outubro, Aparecida Blues, de Biu e Stêvz, terá lançamento conjunto com Calendário Pindura, em Brasília. Também teremos as revistas Golden Shower #2 e Peixe Fora D’água, do Rio de Janeiro, e do livro Garoto Mickey, de Yuri Moraes. O evento acontece a partir das 15 horas no Mercado Cobogó, na Asa Norte. Clique aqui para mais informações.
teaser por Stêvz
Aparecida Blues tem data de lançamento no Rio:
13/10/2011 – Na Blooks Livraria – Praia de Botafogo, 316 – Rio de Janeiro, Brasil
A partir das 19 horas
Não perca no dia 10 de setembro:
Chapamamba
Darshan
Os Triturados do Coração
no Balaio Café
E no dia 11 de setembro:
Chapamamba
Os Triturados do Coração
no Bar do Kareka
Um evento Megalodon Produções, com apoio das Edições Facada.
Na minha frente, um sujeito da produção tentava convencer o apresentador Ratinho a proibir um striptease em pleno horário nobre até ser literalmente arrancado do palco por uma gigantesca mão de macaco à King Kong. Na minha direita, vazava uma música árabe. Na esquerda, guitarras e sapateados flamencos. Levemente incomodado e sentado num sofá de uma academia de dança, no meio daquela zoada, decidi encarar Aparecida Blues, a nova graphic novel de Biu e Stêvz.
Logo nas primeiras páginas li as frases “ ‘Se o mundo fosse sinusoidal, um grande conjunto de ondas pulsando na mesma frequência, não haveria música’ / Isso significa que é preciso que haja todo tipo de gente no mundo para fazê-lo girar / Ao canto do caos, onde todas as faixas são possíveis, os cientistas chamam de Ruído Branco: o som do mar”. E descobri que estava no lugar certo e na hora certa. Avancei algumas páginas e comecei a me envolver com a história de Alaor, uma calavera trompetista à procura do amor e suas teorias jarmuschianas sobra a capacidade do mundo reverberar ideias / sentimentos. Eu estava no meio da reverberação.
A sensação não durou muito: Juju acabara de sair da aula de dança e voltaríamos para casa. Apresento, portanto, minha esposa porque ela será importante para essas observações que se seguem. Chegamos em casa, esquentamos o jantar já meio tarde da noite e entre uma garfada e outra ela elogia o silêncio daquele momento. Até então, Juju só tinha lido a capa de Aparecida e certamente estava longe de saber dos paralelos que a trama faz com o comportamento físico do som. Acabamos de comer e ela começou a folhear. Aliás, mais do que folhear, foi sugada pela história, tanto que ultrapassou o ponto em que eu tinha parado.
Pimba! Outra ressonância com o livro e a belíssima citação de José Miguel Wisnik: “Simplificadamente, a fuga é uma forma em que um tema melódico é apresentado por uma voz e retomado sucessivamente e a cada vez por outras, de modo que se instaura um tecido de semelhanças (ou imitações) defasadas, em que as vozes parecem se perseguir sem nunca coincidir, a não ser no acorde final”. Lá estava a Juju em fuga nas páginas de Aparecida Blues e eu a persegui-la, como um nerd que não quer ficar pra trás da novidade ansioso para também ler.
Resignado, deixei-a na sua atividade, enquanto esperava na sala! Ah, sim, ela não conseguiu nem sair da mesa… os olhos fixos nas páginas. Leu numa sentada e com olhar iluminado me devolveu. Veredito: “adorei”, confirmando que eu também não conseguiria adiar a tarefa por mais um dia. Mesmo pingando de sono, cheguei ao fim da história e a Ju, quase capotada ao meu lado no sofá: o acorde final.
O livro de Biu e Stêvz me fez pensar um tanto. A história é recheada de referências – terei visto o Robô Sensível do Liniers e o carro do Barão Wrangel do José Carlos Fernandes? – que permitem delinear muito bem o repertório dos autores. O repertório, a desenvoltura de brincar com coisa séria e a inventividade. A todo momento usam recursos visuais pouco usuais nos quadrinhos, belas diagramações e soluções inteligentes pro roteiro, amarrando apenas pontas soltas que merecem ser amarradas e deixando outras para a cabeça de cada um.
A história e os desenhos permitem um mar de interpretações, mas não vou deixar as minhas. Não agora. Vou deixar assentar. E o que é melhor: não vou influenciar com minhas reverberações as reverberações dos futuros leitores. Só adianto uma coisa. Cartola estava errado e Alaor, certo! O mundo não é um moinho!
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Informações sobre a publicação (que é uma coedição Beleléu e Edições Facada) em:
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