A Intrusa

de Júlia Lopes de Almeida* Capítulo I – Que temporal! – E um friozinho! Conhecem vocês nada mais gostoso do que ouvir-se o barulho da chuva quando se está agasalhado? Eu estou me regalando... – Sempre o mesmo egoísta! Como estás em tua casa... mas... desalmado, lembra-te de nós! São quase horas de me ir … Continue lendo A Intrusa

Tripalium

por Adriano de Almeida* o correto talvez fosse chamar isso aqui de trabalho não consigo isso é osso se eu dissesse "é mais um trabalho como outro qualquer" seria covardia ou coragem? valentia ou medo da última morte? "qualquer outro por que não?" assume o mesmo risco do pescador joga o anzol pesca o aranzel do … Continue lendo Tripalium

A lei

por Lima Barreto* Este caso da parteira merece sérias reflexões que tendem a interrogar sobre a serventia da lei. Uma senhora, separada do marido, muito naturalmente quer conservar em sua companhia a filha; e muito naturalmente também não quer viver isolada e cede, por isto ou aquilo, a uma inclinação amorosa. O caso se complica … Continue lendo A lei

“Mamaini, essa música não”

por Roberta AR Eu sempre me perguntei: pra que fazer essas versões “infantis” de músicas pop? Além de esquisitas (e assustadoras, em alguns casos), por que crianças não podem ouvir os originais? Não estou falando aqui de canções infantis, de ciranda ou de roda, mas de “Ramones para crianças”, “Beatles para crianças” e por aí … Continue lendo “Mamaini, essa música não”

Lição póstuma

por Carmen Dolores* No carro que conduzia à casa da amiga morta, Madalena meditava com melancolia, conchegando ao busto ainda belo as rendas negras do vestuário de luto improvisado para esse inesperado transe. Morrera Valentina, a sua querida companheira da infância!... Extinguira-se de repente, na véspera, essa doce criatura pálida, cuja vida frágil, de sempre … Continue lendo Lição póstuma

A minha avó

por Auta de Souza* Minh’alma vai cantar, alma sagrada! Raio de sol dos meus primeiros dias... Gota de luz nas regiões sombrias De minha vida triste e amargurada. Minh’alma vai cantar, velhinha amada! Rio onde correm minhas alegrias... Anjo bendito que me refugias Nas tuas asas contra a sina irada! Minh’alma vai cantar... Transforma o … Continue lendo A minha avó

Ah, Onde Estou

por Álvaro de Campos* Ah, onde estou onde passo, ou onde não estou nem passo, A banalidade devorante das caras de toda a gente! Ah, a angústia insuportável de gente! O cansaço inconvertível de ver e ouvir! (Murmúrio outrora de regatos próprios, de arvoredo meu.) Queria vomitar o que vi, só da náusea de o … Continue lendo Ah, Onde Estou

Feminismo? Caridade?

por Maria Lacerda de Moura* A palavra "feminismo", de significação elástica, deturpada, corrompida, mal interpretada, já não diz nada das reivindicações feministas. Resvalou para o ridículo, numa concepção vaga, adaptada incondicionalmente a tudo quanto se refere à mulher.Em qualquer gazela, a cada passo, vemos a expressão "vitórias do feminismo" – referente, às vezes, a uma … Continue lendo Feminismo? Caridade?