de Júlia Lopes de Almeida* Capítulo I – Que temporal! – E um friozinho! Conhecem vocês nada mais gostoso do que ouvir-se o barulho da chuva quando se está agasalhado? Eu estou me regalando... – Sempre o mesmo egoísta! Como estás em tua casa... mas... desalmado, lembra-te de nós! São quase horas de me ir … Continue lendo A Intrusa
Categoria: TEXTO
Acordes Poéticos
por Júlia da Costa* Não tenho segredos! É pura minh`alma! Qual cândida aurora rasgando o seu véu! Velando ou dormindo, chorando ou sorrindo, Só amo – meus campos – meu solo – meu céu! Cresci sobre um ermo tristonho e sombrio Soltei nas campinas meu primeiro cantar! Saudei nas montanhas o sol que nascia, Brinquei … Continue lendo Acordes Poéticos
A falência
por Júlia Lopes de Almeida* O Rio de Janeiro ardia sob o sol de dezembro, que escaldava as pedras, bafejando um ar de fornalha na atmosfera. Toda a rua de S. Bento, atravancada por veículos pesadões e estrepitosos, cheirava a café cru. Era hora de trabalho. Entre o fragor das ferragens sacudidas, o giro ameaçador … Continue lendo A falência
O caminho mais fácil
por Roberta AR Eu queria chegar chegando, com os pés nos peitos dos outros, dizendo altas sinceridades impensadas sem filtro e isso podia não me afetar em nada. Me sentiria ofendida quando quem quer que fosse se contrapusesse, porque eu seria inquestionável. Podiam me pagar por eu ser assim, bastante, porque, além de tudo, eu … Continue lendo O caminho mais fácil
Tripalium
por Adriano de Almeida* o correto talvez fosse chamar isso aqui de trabalho não consigo isso é osso se eu dissesse "é mais um trabalho como outro qualquer" seria covardia ou coragem? valentia ou medo da última morte? "qualquer outro por que não?" assume o mesmo risco do pescador joga o anzol pesca o aranzel do … Continue lendo Tripalium
A lei
por Lima Barreto* Este caso da parteira merece sérias reflexões que tendem a interrogar sobre a serventia da lei. Uma senhora, separada do marido, muito naturalmente quer conservar em sua companhia a filha; e muito naturalmente também não quer viver isolada e cede, por isto ou aquilo, a uma inclinação amorosa. O caso se complica … Continue lendo A lei
“Mamaini, essa música não”
por Roberta AR Eu sempre me perguntei: pra que fazer essas versões “infantis” de músicas pop? Além de esquisitas (e assustadoras, em alguns casos), por que crianças não podem ouvir os originais? Não estou falando aqui de canções infantis, de ciranda ou de roda, mas de “Ramones para crianças”, “Beatles para crianças” e por aí … Continue lendo “Mamaini, essa música não”
Lição póstuma
por Carmen Dolores* No carro que conduzia à casa da amiga morta, Madalena meditava com melancolia, conchegando ao busto ainda belo as rendas negras do vestuário de luto improvisado para esse inesperado transe. Morrera Valentina, a sua querida companheira da infância!... Extinguira-se de repente, na véspera, essa doce criatura pálida, cuja vida frágil, de sempre … Continue lendo Lição póstuma
A minha avó
por Auta de Souza* Minh’alma vai cantar, alma sagrada! Raio de sol dos meus primeiros dias... Gota de luz nas regiões sombrias De minha vida triste e amargurada. Minh’alma vai cantar, velhinha amada! Rio onde correm minhas alegrias... Anjo bendito que me refugias Nas tuas asas contra a sina irada! Minh’alma vai cantar... Transforma o … Continue lendo A minha avó
A chalga do meu coração
por Roberta AR Um dia cheguei no trabalho contando de um show do Varukers que tinha assistido no Conic (quem é de Brasília sabe que esta sempre foi uma quadra underground, um pouco menos agora que começa a ser gentrificada por hipsters, lojas de vinis e coisas do tipo). Uma colega, assustada, me disse que … Continue lendo A chalga do meu coração
Acho que ele me chamou
por Roberta AR Acho que ele me chamou de novo. Será que foi ele? Vou lá olhar. Está dormindo, deve ter sonhado algo. Tão bonito assim, dando risadinha sonhando. Estou cansada, não consigo falar frases compostas mais. O pensamento não acompanha. Nunca mais uma noite com mais de cinco horas de sono consecutivas. E essas … Continue lendo Acho que ele me chamou
Ah, Onde Estou
por Álvaro de Campos* Ah, onde estou onde passo, ou onde não estou nem passo, A banalidade devorante das caras de toda a gente! Ah, a angústia insuportável de gente! O cansaço inconvertível de ver e ouvir! (Murmúrio outrora de regatos próprios, de arvoredo meu.) Queria vomitar o que vi, só da náusea de o … Continue lendo Ah, Onde Estou
Feminismo? Caridade?
por Maria Lacerda de Moura* A palavra "feminismo", de significação elástica, deturpada, corrompida, mal interpretada, já não diz nada das reivindicações feministas. Resvalou para o ridículo, numa concepção vaga, adaptada incondicionalmente a tudo quanto se refere à mulher.Em qualquer gazela, a cada passo, vemos a expressão "vitórias do feminismo" – referente, às vezes, a uma … Continue lendo Feminismo? Caridade?